sábado, abril 29, 2006

Pequeno peão

Pequeno peão

E a poeira ia levantando
Aquele barulho se aproximando
Muito lindo de se ver
A boiada vindo em manada
Com seus chifres apontados ao céu
O peão com seu chapéu
Suave cavalgava
Montado em seu puro-sangue
E com seu berrante
Com garbo e elegante
Na postura de honrar a Deus
Tocava, seduzindo-me em sonhos de guri
E assim, nesta bela música
Levava onde queria os gigantescos animais
Saía correndo, pendurava-me na porteira
olhava atentamente cada toque, cada rês
Que passava rápido e bela
Em minha alegria ao meio à poeira
Que impregnava minha narina
Com o cheiro do campo e do gado
Então o som ia ficando distante...
A poeira abaixando
A visão torpe ofuscante dominando
De repente, encontrando a razão
Tudo acabou
E voltando em mim, estou aqui
Perdido no tempo, sonhando acordado
Vivenciando lembranças do passado
Ludiro
16/04/2006

Um comentário:

Anônimo disse...

Num contexto mais alargado o poema "Pequeno peão" aparece também identificada com a própria arte individual e triste do poeta Luciano - adoro essa palavra "tristeza", mas não necessáriamente de coisa ruim, mas de reflexão, o que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, não verbal). Poesia de qualidade. Adoro isso!