O olho do urubu
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Terra árida, cascalhada,
Terra árida, cascalhada,
de serpentes e víboras.
Vagueia a cachorrada,
onde o gado é seco ou largado ao chão,
chifre sobre um esqueleto,
o couro corroído,
ninho de gavião.
Entre espinhos e cactos,
um gibão e o facão.
O sol sacramentando
a pele avermelhada,
boca rachada
em busca da
inexistente plantação.
Onde nasce a vontade
de vencer o sertão,
a sede e a insolação.
Atrás, o cão magro
acompanhando a fraca
desordenada criação
de cabras famintas.
Sinos no pescoço,
alertando o observador
que, à distância, acompanha
em olhos de urubu
o tombar das pequenas
fontes de alimentação.
Ludiro
13/05/2006
5 comentários:
Aos olhos deste animal, que depende dessas coisas a se viver. A natureza é estranha, e aos olhos dele tudo que é cadaver ou quase, se está a um banquete de serpentes. Adorei seu poema... Beijinhos
Olá poeta, tuas palavras no remetem ao sertão e nos fazem relembrar grandes clássicos da literatura como Morte e Vida Severina.....Gostei muito, parabéns!!! 10 para ele.... Beijinhos
Ficou bonita tua descrição do Sertão! Parabéns Ludiro, Alexandre!
Nosso sertão tão sofrido...novo povo tão combalido...parabéns pelo texto.Abraços.
Um retrato pintando com cores duras e reais sem dispensar a forte componente poética!Parabéns.
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