Um dia do diário de um guerreiro
Juntos se puseram a orar
Pedindo a Deus Pai
Proteção lhes mandar
Soldados, euforia, ansiedade
Guerra quente, sem água fria
Comandantes atentos, prontos
Para mais uma arrojada missão
Partiram os bravos valentes
Sem conseqüentes Perigos à espera
Unidos todos marchavam
Por trilhas e favelas
O olhar do inimigo à espera
Em nosso ligeiro caminhar
Mais um dia a se passar
Minha mente vazia
Tomando conta do que não via
Meu irmão também fazia
Esperando o árduo momento
De ter que atirar
Na calada, em surdina
Entre tantos barracos,
Muitas esquinas
Lixos, bueiros, lodo em piscina
Botas molhadas, roupas suadas
O odor do suor já saía
Infiltrando em nossas narinas
Misturado ao fedor de fezes e urina
Acumulado com o fétido
Podre dos bichos que jazia
Atentos! muito cuidado
Quando uma porta se abria
Com a arma apontada
Muita segurança se fazia
A difícil caminhada
No morro da agonia
Subia e descia,
No ombro muita dor
Crianças chorando,
Cães ladravam no meio do lixo
Barulho na sujeira das latas vazias
Não acabava o tempo infinito
Lutando, evitando o erro de um susto
Para prevenir um futuro luto
Íamos nós, sob sol abrasador
Cada um guardando a sua dor
O capacete como ovo fritava
A cabeça que ali estava,
Não mais pensava
Somente se preocupava
No serviço bem prestado
Em favor da paz!
No meio do inferno,
Onde o bandido é rei
Dedo-duro não tem vez
Os peões não têm lei,
Somos todos odiados,
Mas mal ninguém fez
Queremos paz,
Queremos o bem
O trabalho termina
Mas teremos que voltar
Quando um novo dia raiar
Tudo pela pura e íntegra paz!
Ludiro
14/03/2006
Imagem - Obs: Capa do livro "República Negra" do Jornalista Luís Kawaguti